Por: Vitoria Martins
No mês de janeiro é realizada a campanha Janeiro Roxo, que busca conscientizar a população e buscar a erradicação da hanseníase, sensibilizando a sociedade sobre a prevenção, controle e tratamento contra a doença.
Essa é uma das doenças mais antigas conhecidas pela humanidade, conhecida principalmente por conta dos relatos bíblicos. Entretanto, é datada de muito antes do nascimento de Jesus e das histórias contadas pelos Testamentos.
Segundo Letícia Maria Eidt, estudiosa da doença, há grande divergência entre pesquisadores a respeito da data e local nos quais a hanseníase surgiu. Há relatos de que tenha nascido na Ásia, nas regiões que hoje correspondem à Índia, China e Japão, há mais de 3 ou 4 mil anos antes de Cristo. Porém, também há registros da doença no Egito, de 4 mil e 300 anos a.C.
Na história
O termo lepra, no entanto, por séculos englobava demais doenças cutâneas e dermatológicas para além da hanseníase, como: elefantíase, psoríase, a escabiose, o impetigo. Logo, também, o diagnóstico era feito de forma imprópria - eram realizados por meio de testes de urina e de sangue, analisados por um médico, um cirurgião e barbeiros.
Foi durante o período da Idade Média, no auge do controle da Igreja Católica sobre a sociedade, quando a maior parte dos estigmas e preconceitos existentes até os dias de hoje, a respeito da lepra e da hanseníase, se enraizaram no imaginário humano.
A doença passou a ser considerada pela Igreja como contagiosa e hereditária, oriunda do contato físico diário e/ou sexual. Logo, era considerada pecaminosa, e as pessoas acometidas pela hanseníase eram “impuras” e “desonrosas”.
Ainda, o diagnóstico passou a ser realizado pelos próprios religiosos, e não por profissionais da saúde. E o tratamento passou a ser o isolamento da pessoa doente do resto da população, muitas vezes sendo obrigadas a abandonar suas famílias e ir viver em um local reservado para eles.
Ainda, eram obrigados a usar luvas e roupas especiais que sinalizassem sua condição, carregar sinetas que anunciassem sua chegada e não podiam frequentar locais públicos.
Apenas em 1873, com a descoberta da bactéria causadora da hanseníase (o bacilo Mycobacterium leprae) por Armauer Hansen, que a ideia de pecado, castigo divino e hereditariedade caíram por terra.
Entretanto, o estigma social, preconceito e exclusão social permaneceu. Dessa vez, reafirmado pela ciência, que apontava o isolamento dos doentes como a melhor forma de tratamento.
Nessa década, também, a hanseníase era introduzida nas Américas, chegando junto com os espanhóis e portugueses que buscavam conquistar o “Novo Mundo” e pelo tráfico de africanos escravizados. Ao longo dos séculos de colonização, a América Latina se tornou um dos principais focos de epidemia da doença.
Atualmente
Segundo boletim divulgado pelo Ministério da Saúde em 2022, atualmente todos os países sul-americanos têm casos de hanseníase, totalizando um total de 19.195 pessoas acometidas pela doença. Nesse cenário, o Brasil é o com a maior quantidade de casos na região - com 17.979, mais de 90% de todos os casos da região. E o segundo no mundo, atrás apenas da Índia.
Esses dados se dão, ainda, em um contexto em que já foi descoberta a cura para a doença e, no caso brasileiro, é oferecida de forma gratuita pelo SUS. Além de haver diversas políticas públicas que buscam a inserção social e no mercado de trabalho.
Entretanto, essas informações são pouco conhecidas e, somado ao estigma social que ainda acompanha a doença, novos casos continuam surgindo e os diagnósticos permanecem sendo feitos de forma tardia.
Para saber mais sobre o tema, acompanhe nosso site nas próximas semanas! Traremos mais dois textos trazendo informações sobre a hanseníase, a relação dos franciscanos com a doença, e como ela está inserida no contexto atual.
O SEFRAS
O Sefras é uma organização humanitária que luta todos os dias no combate à fome, a violações de direitos e inserção econômica e social de populações extremamente vulneráveis: pessoas em situação de rua, crianças pobres, imigrantes e refugiados, idosos sozinhos e pessoas acometidas pela hanseníase.
Guiados pelos valores franciscanos de Acolher, Cuidar e Defender, atua pelo Brasil atendendo mais de 4 mil pessoas todos os dias. São serviços diários que promovem apoio social e jurídico para população em situação de rua, acolhimento e inclusão social de imigrantes, contraturno escolar para crianças e adolescentes, convivência e proteção de idosos, além de ações de defesa dos direitos e melhoria de políticas públicas voltadas a esses grupos.
Para ajudar quem tem fome na cidade de São Paulo e do Rio de Janeiro, o Sefras atua distribuindo mais de 2 mil refeições diariamente, além de distribuir cestas básicas, itens de higiene e cobertores e roupas de frio.
Ajude o nosso trabalho nesse dia especial. Você pode ajudar doando itens , em São Paulo, no Chá do Padre, na Rua Riachuelo, 268 – Centro. Tel: (11) 3105-1623 e no Rio de Janeiro na Tenda Franciscana no Largo da Carioca, s/ n, Centro.
Você também pode doar qualquer quantia pelo nosso site ou pelo pix: sefras@sefras.org.br.
Bom texto.