top of page
vitoriamartins3

Sefras sedia encontro da rede de assistência social em Mogi das Cruzes

Assistentes sociais na formação para profissionais de gerontologia.

Na última semana, foi realizado o ‘Projeto de Formação para profissionais da Rede de Assistência Social em Gerontologia’ na Casa de Clara - Mogi das Cruzes, serviço do Sefras voltado para a população idosa. A ação foi promovida pela Coordenadoria Municipal do Idoso de Mogi das Cruzes e ministrada por Marília Berzins, do Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento (OLHE).

Com o objetivo de promover uma formação sobre envelhecimento para trabalhadores de políticas públicas da cidade, a ação debateu temas como: o que é envelhecimento no mundo e no Brasil e quais são as projeções de envelhecimento e políticas públicas de envelhecimento. Além da elaboração de uma análise de conjuntura sobre o atendimento de em políticas públicas da população idosa do município, com uma proposta de olhar o que a gente tem e aquilo que pode melhorar.

Estiveram presentes trabalhadores de áreas como da saúde, esporte e assistência social. Além de Juraci Fernandes, vice-presidente do Conselho Municipal do Idoso de Mogi das Cruzes.

Como é envelhecer no Brasil

Marília Berzins, mestre em Gerontologia Social pela PUC-SP e assistente social, afirmou no seminário “Desafios e Perspectivas de Políticas no Atendimento à Pessoa Idosa”, realizado pelo Sefras em junho deste ano, que:

No Brasil, os idosos têm direito a velhice, mas não a uma velhice de direitos.

Aqui, a população idosa está em constante crescimento. Em 2023 já temos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, mais de 33 milhões de pessoas acima dos 60 anos. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), nos próximos 90 anos, cerca de 40,3% da população brasileira será composta por pessoas idosas, totalizando cerca de 60 milhões de pessoas acima dos 60 anos.

Documentos como o Estatuto do Idoso e a própria Constituição Federal de 1988 buscam garantir direitos básicos à população idosa, como: trabalho, vida, saúde, alimentação, educação, dignidade, convivência familiar e comunitária etc. Ainda temos a Política Nacional do Idoso, que assegura direitos sociais e estabelece condições para promover autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.

Entretanto, apesar de existir legislação que garanta determinados direitos, as políticas públicas voltadas para o acesso dos mesmos são, muitas vezes, mal trabalhadas e não universais. O que, somadas ao sucateamento de serviços públicos como o SUS, resultam no aumento da vulnerabilidade social, política e econômica dos idosos.

Ainda, segundo relatório da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), divulgado em 2019, maioria dos crimes cometidos são feitos por familiares. Sendo que 65% dos suspeitos são os próprios filhos.

De acordo com o documento, o tipo de violência mais comum é a negligência (41%), quando os responsáveis pelo idoso deixam de oferecer cuidados básicos como higiene e medicamentos. Seguida da psicológica (24%), que incluem comportamentos que prejudicam a autoestima ou bem-estar do idoso, como xingamentos e constrangimentos.

Ainda há o abuso financeiro (20%), com a exploração imprópria ou ilegal dos recursos financeiros e patrimoniais do idoso, sem seu consentimento. Fora esses tipos de violência, ainda existem: violência física, sexual, emocional, social e abandono.

Segundo o Disque 100, em 2019 foram denunciadas 48.500 violações contra idosos ao longo do ano. Valor que, em 2020, aumentou em 59%, totalizando 77.115 denúncias. É importante ressaltar, ainda, que esses números ainda não representam a realidade da população idosa brasileira, devido a alta subnotificação.

Frente a esse cenário, Marília fez um apelo lembrando que vai chegar a vez dos mais jovens ficarem velhos e que vamos precisar de garantias e apoio do governo.

Comprometer-se com a idade é se comprometer com a causa do idoso. E essa é uma luta de todos, jovens e velhos. Pois todos um dia serão idosos.

Contexto das pessoas idosas em Mogi das Cruzes

Segundo a Prefeitura de Mogi das Cruzes, em 2022, a cidade contava com 58.186 pessoas idosas. A pesquisa ainda mostrou um enorme salto entre as pessoas com mais de 90 anos, em 2010 eram 609 e nesse último censo eram 1.348.

Segundo Yamin Alves, coordenadora da Casa de Clara - Mogi das Cruzes, “o público idoso representa hoje um total de 16% da população total da cidade, e é fundamental que os trabalhadores da rede direta de atendimento tenham cada vez mais formações  e preparo para lidar com essa demanda que vai aumentar a cada dia”.

O próprio governo municipal reconhece que as políticas públicas destinadas a essa população devem acompanhar o seu crescimento. Apontando como causas mais frequentes de vulnerabilidade social das pessoas idosas o abandono e o isolamento social, decorrentes da fragilização ou da perda dos vínculos de pertencimento.

A Prefeitura também reafirma a necessidade da contínua oferta de serviços, projetos, programas e ações que possibilitem o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, bem como a superação de situações de vulnerabilidade. E o ‘Projeto de Formação para profissionais da Rede de Assistência Social em Gerontologia’ entra como uma dessas iniciativas.

Não só em Mogi das Cruzes, mas no Brasil como um todo vemos o aumento da expectativa de vida da população, com isso a população idosa está crescendo. No futuro, teremos um aumento nas demandas de atendimentos nos serviços e nas políticas públicas destinadas à essa população, e esse evento tem fundamental importância no processo de formação dos trabalhadores, afirma Yamin.

Essa atuação é parte do projeto maior do Sefras para os idosos de Mogi. Por meio da Casa de Clara, a instituição busca não só a emancipação e a garantia de acesso aos direitos da pessoa idosa, como também contribuir para a construção de uma sociedade mais solidária e inclusiva, na qual todos – independente de idade, gênero, raça ou classe social – se sintam valorizados e apoiados.

Assim como o serviço de Mogi, as casas em Pindamonhangaba e em São Paulo, que também trabalham com pessoas idosas, atuam a partir da mesma missão. Por meio delas, o Sefras promove o protagonismo e a inserção social de mais de 300 pessoas idosas por meio de atividades interdisciplinares, como oficinas de artesanato, dança e atividades físicas, além de seminários e palestras sobre temáticas que tange esse público. Além disso, ainda é incentivada a participação política na luta pelos próprios direitos e o das próximas gerações de pessoas idosas que estão por vir.

O Sefras

O Sefras é uma organização franciscana que luta todos os dias no combate à fome, a violações de direitos e inserção econômica e social de populações extremamente vulneráveis: pessoas em situação de rua, crianças pobres, imigrantes e refugiados, pessoas idosas sozinhas e pessoas acometidas pela hanseníase.

Guiados pelos valores franciscanos de Acolher, Cuidar e Defender, atua pelo Brasil atendendo mais de 4 mil pessoas todos os dias. São serviços diários que promovem apoio social e jurídico para população em situação de rua, acolhimento e inclusão social de imigrantes, contraturno escolar para crianças e adolescentes, convivência e proteção de idosos, além de ações de defesa dos direitos e melhoria de políticas públicas voltadas a esses grupos.

Você também pode contribuir com o nosso trabalho pelo nosso site ou pelo pix: sefras@sefras.org.br.


138 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page