Volume especial, em parceria com a Campanha da Fraternidade 2025, faz um apelo em prol da conversão ecológica diante da grave crise socioambiental no Brasil e no mundo.
Você sabia que, desde 1985, quase um quarto do Brasil foi queimado? Isso equivale a 199 milhões de hectares ou 23% do território nacional. Apenas no primeiro semestre de 2024, mais de mil cidades brasileiras estiveram sob a classificação de seca extrema e severa.*
Por outro lado, o excesso de chuvas também causou estragos e incontáveis perdas: quase 95% das cidades gaúchas foram afetadas pelas chuvas em abril e maio de 2024, segundo dados da Defesa Civil do estado.
Esse é apenas um exemplo de situações extremas que, a cada dia, tornam-se mais e mais comuns no Brasil e no mundo. Tudo isso por conta da crise socioambiental que produz efeitos e consequências mais graves não só para seres humanos, mas para os animais, para os biomas e para o próprio Planeta.
O cenário é tão alarmante que cientistas estimam que mais de 100 milhões de pessoas no mundo serão empurradas para a pobreza até 2030 devido às mudanças climáticas.
É em meio a esse contexto emergencial que a Revista Casa Comum lança sua 10ª edição. O volume especial foi pensado em parceria com a Campanha da Fraternidade 2025 e traz, logo no título, um lembrete e um apelo: “Somos Natureza: necessária conversão ecológica”.
*Fontes: Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (www.gov.br/cemaden/pt-br), Confederação Nacional de Municípios (bit.ly/RCC_10_15), MapBiomas Brasil (mapbiomas.org), Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (bit.ly/RCC_10_16).
Fique por dentro da edição
O termo ecologia aparece pela nona vez na Campanha da Fraternidade, que, em 2025,
adota para si a temática “Fraternidade e Ecologia Integral”, com o objetivo geral de promover, em espírito quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral, ouvindo o grito dos pobres e da Terra.
O ‘integral’ é o que dá a diferença: não se trata apenas de ecologia verde, ou de ecologia humana, econômica ou cultural. Mas de todas elas a partir de uma ecologia que conecta tudo e todos, que aborda e diz respeito a tudo que é vivo e tem vida. Daí o termo Ecologia Integral.
Inspirada no tema, a Revista Casa Comum aborda quais são os caminhos possíveis para que a humanidade consiga se reconectar com a Terra e, assim, possa adotar atitudes de cuidado com tudo e com todos e todas.
A edição começa de uma forma diferente: a reportagem Em Destaque apresenta as histórias de vida de cinco pessoas - uma de cada região do país - que mostram de que forma as consequências das mudanças climáticas afetaram suas vidas e sustento.
Já no Papo Reto, a revista traz uma entrevista em profundidade com o ativista do movimento socioambiental, defensor dos direitos dos povos indígenas, ambientalista,
filósofo, poeta e escritor Ailton Krenak, que chama a todos: “temos que ter a coragem de ouvir a Terra.”
As matérias, artigos e reportagens abordam diversos aspectos, como, por exemplo, o fato de que o capitalismo é um modelo econômico que visa o lucro acima do bem-estar dos próprios seres humanos e às custas do Planeta; ponderam as contradições no aumento da implementação de energias renováveis no Brasil e suas consequências - como a poeira e o barulho de torres eólicas -; reforçam a necessidade urgente de proteger aquelas que defendem os direitos humanos e socioambientais; trazem a perspectiva e as ações que já têm sido realizadas por crianças para contribuir com a mudança positiva dos rumos do clima; enumeram pequenas mudanças no dia a dia que fazem a diferença; entre muitos outros assuntos.
As produções também citam iniciativas nas quais cidadãos podem se engajar em prol da justiça socioambiental, como as tecnologias digitais podem ser usadas a favor da Ecologia Integral, os projetos em tramitação no legislativo que propõem avanços e retrocessos que ameaçam o meio ambiente, e mais.
Elaborada com as contribuições de um comitê especial formado por pessoas que, de alguma forma, atuam em suas áreas com a Ecologia, a edição tem como objetivo reforçar a mensagem que o Papa Francisco tem convocado ao mundo inteiro: a necessidade de uma conversão ecológica, o que exige atitudes radicais de mudança de concepção e modo de ser e relacionar-se com o Planeta como algo para além da presença e significado humano.
Graças à parceria com a Paulus Social, a 10ª edição da Revista Casa Comum terá uma tiragem especial: ao todo, serão 135 mil exemplares que chegarão a diversas cidades espalhadas pelo país.
Diálogos Casa Comum
A 10ª edição da revista será lançada em dois momentos. No dia 17 de setembro, às 19h, acontece a terceira edição do Diálogos Casa Comum, uma transmissão online no perfil do Instagram da Revista, @revistacasacomum, a fim de debater, a partir de um bate-papo, as principais temáticas e agendas trazidas pela edição da revista.
A live contará com a participação de Luiz Felipe Lacerda, ativista socioambiental,
docente da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) e secretário-executivo do Observatório Nacional de Justiça Socioambiental (OLMA), e de Thalia Silva, ativista climática, educadora ambiental de Parauapebas (PA), articuladora nacional do Engajamundo, coordenadora do Lab Comunicação da Rede e de Relações Políticas da Coalizão Nacional de Juventudes pelo Clima e Meio Ambiente (CONJUCLIMA).
Não deixe de participar e debater os possíveis caminhos para a garantia do futuro da humanidade no Planeta.
Já no dia 27, é a vez de lançar a 10ª edição da revista durante o Seminário Nacional da Campanha da Fraternidade (CF) 2025, que acontece entre os dias 26 e 29 de setembro, em Brasília.
Um ano de reflexão
Diversos acontecimentos e eventos em 2025 se conectam e irão abordar, de alguma forma, esse contexto emergencial ocasionado pela crise socioambiental.
É no ano que vem, por exemplo, que a publicação da Carta Encíclica Laudato Si’, conhecida como a carta ecológica do Papa Francisco, completa 10 anos. Isso significa que, há pelo menos uma década, o pontífice alerta a humanidade - em suas palavras ‘todas as pessoas de boa vontade’ - para a urgência do cuidado com a Casa Comum, a Mãe Terra, “esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou.”
Com forte inspiração em São Francisco de Assis - o que começa pelo nome escolhido pelo religioso Jorge Mario Bergoglio -, a encíclica aponta, em diversas passagens, atitudes e comportamentos necessários para que a humanidade caminhe na direção de maiores cuidados uns com os outros e com o ambiente que habitam.
Essa profunda conexão com os elementos naturais - vistos como irmãos - está expressa no Cântico das Criaturas, poesia escrita em 1225 por São Francisco de Assis. Em 2025, portanto, comemora-se os 800 anos desse texto inspirador e revolucionário, que une a humanidade a tudo o que existe e proclama a grandeza das criaturas no que elas são, não no interesse humano ou em seu ‘valor de mercado’.
Nessa realidade regida pelo sistema capitalista, que preza pelo acúmulo e coloca milhares de pessoas invisibilizadas à margem do sistema social, econômico e político, entoar o Cântico das Criaturas se faz mais urgente do que nunca.
Essa relação intrínseca com os elementos da Natureza - o que inclui os próprios seres humanos - também será uma temática abordada em 2025 em um dos mais importantes eventos quando o assunto é meio ambiente, biodiversidade e conservação do Planeta. No ano que vem, o Brasil - mais especificamente Belém, no Pará - será palco da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), a COP 30, que acontece entre 10 e 21 de novembro de 2025.
O encontro anual e global vai reunir representantes de inúmeros países e de diferentes setores para debater possíveis caminhos e soluções para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
Todos esses marcos somam-se a uma data importante para o Sefras: seu aniversário de 25 anos de existência enquanto organização social humanitária que desenvolve programas, projetos e ações de combate à fome, e à violação de direitos. Centradas nos princípios franciscanos e guiada pelos valores de acolher, cuidar e defender, tem como públicos prioritários grupos em situação de extrema vulnerabilidade: pessoas idosas, migrantes e refugiados, crianças e adolescentes, população em situação de rua e pessoas acometidas pela hanseníase.
Revista que se transforma em curso
A exemplo do que aconteceu com a 8ª edição da Revista Casa Comum - que, planejada em parceria com o Projeto Encantar a Política, inspirou a criação do curso Mutirão pela Democracia - a 10ª edição segue o mesmo caminho.
O conteúdo da revista, bem como a Trilha de Saberes que acompanha, serão a base para discussões, debates e trocas no âmbito do curso Mutirão em Defesa da Casa Comum, uma parceria entre a Revista Casa Comum, o Projeto Encantar a Política e a Campanha da Fraternidade.
Jogar para aprender
Além do tradicional roteiro formativo composto pelo ponto de partida e seguido de três encontros que percorrem o caminho - conhecer o tema, refletir e agir -, a Trilha de Saberes conta com uma novidade nesta 10ª edição: o jogo “Rodada ecológica”.
Assim como a Trilha, o jogo é destinado a educadores(as) e todos e todas que promovem atividades com grupos, coletivos, movimentos, espaços escolares etc. com o objetivo de trabalhar, de maneira lúdica, as temáticas abordadas ao longo da revista.
Ao todo, são 16 cartas que trazem perguntas de múltipla escolha e verdadeiro e falso sobre a Ecologia Integral e temas relacionados à Natureza.
Ao todo, o curso terá duas turmas: de outubro a dezembro de 2024, e de janeiro a março de 2025, com o objetivo de formar cerca de 1.300 pessoas.
Mais informações em breve.
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