Por: Vitoria Martins
A Amazônia esteve em destaque nessas últimas semanas graças ao encontro da Cúpula Amazônica que ocorreu em Belém, no Pará.
Durante dois dias - 8 e 9 de agosto -, foi realizado o 3º Encontro da Rede de Fundos Socioambientais e Territoriais da Amazônia da Rede de Fundos Comunitários da Amazônia, da qual o Sefras faz parte.
Na ocasião estiveram presentes iniciativas da sociedade civil organizada, movimentos sociais, academia, centros de pesquisa, agências governamentais e organizações sociais do país para debater, pautar e formular estratégias para a preservação da Amazônia e seus povos.
A Rede de Fundos Comunitários da Amazônia
A Rede surgiu no ano de 2022, em Belém, durante o Fórum Social Panamazônico. Atualmente é formada pelos: Fundo Dema, Fundo Indígena da Amazônia Brasileira - Podáali, Fundo Indígena do Rio Negro (FIRN), Fundo Babaçu, Fundo Puxirum da Amazônia Brasileira, Fundo de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Amazônia Luiza Dorothy do Espírito Santo, Fundo Quilombola Mizizi Dudu, entre outros.
Segundo a presidente do Comitê Gestor do Fundo Dema, Graça Costa:
Nós somos um conjunto de iniciativas, de esforços, de atuação, e estamos em vários lugares da Amazônia. Esse momento marca um processo que queremos ver reconhecido e consolidado. A luta da política de clima por justiça socioambiental nós já fazemos. Enfrentamos as empresas que estão nos territórios ameaçando os modos de vida, os direitos territoriais
Ainda, de acordo com Valéria Payé, indígena do povo Tiriyó e Kaxuyana e diretora executiva do Podáali:
Não somos Fundos ‘para’ e nem ‘com’, mas somos Fundos ‘dos’ movimentos sociais da Amazônia, somos parte e resultado dessa construção. Temos uma história de atuação em comum e agora estamos consolidando esta Rede
Frei Marx dos Reis, porta-voz do Sefras nessa rede, exclama:
É necessário propor para os territórios que estão na Amazônia uma economia alternativa, na qual consigamos preservar a forma de ser daquele grupo ao mesmo tempo que consigamos dar dignidade e proteção
Lançamento da Carta de Rede de Fundos Comunitários pela Autonomia dos Povos da Amazônia
Ao final do Encontro realizado este ano, a Rede lançou uma carta reivindicando e afirmando pontos, dentre os quais destacamos:
A priorização do apoio direto aos povos das florestas através de suas organizações e mecanismos financeiros por parte do financiamento climático
Apoio ao fundos comunitários e respeito por seus procedimentos por parte de governos, corporações internacionais e filantropia
Os Procedimentos administrativos e financeiros dos doadores devem se adequar à realidade dos povos e comunidades
O custo financeiro das organizações e seus mecanismos devem ser considerados investimentos e não uma despesa
Os apoios às comunidades devem acontecer independentemente da regularização fundiária de seus territórios
O documento foi entregue pelos representantes da Rede de Fundos Comunitários durante o evento de 15 anos do Fundo Amazônia, no Museu Emílio Goeldi, no último dia 7 de agosto em Belém (PA).
Você pode ler a Carta na íntegra aqui!
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