“Quão vívida é a força desta luz e quão forte é a claridade desta fonte luminosa. Na verdade, esta luz estava fechada no esconderijo da vida de clausura, e fora irradiava esplendores luminosos; recolhia-se em um pequeno monastério, e fora se expandia por todo vasto mundo. Guardava-se dentro e se difundia fora. Clara, de fato, se escondia; mas sua vida se revelava a todos. Clara calava, mas sua fama gritava”, Papa Alexandre IV na canonização de Santa Clara de Assis.
Dia 11 de agosto que se celebra o carisma de Santa Clara de Assis, a mulher que renunciou toda a riqueza de sua nobre família para seguir os passos de São Francisco de Assis e fundou a Ordem das Clarissas, inspirada na vocação Franciscana.
A Vida de Santa Clara
Santa Clara nasceu no ano de 1194, em Assis, na Itália. De família nobre e rica. Desde muito nova, ela se destacou pela caridade e respeito para com os vulneráveis, por isso, ao se deparar com a pobreza evangélica vivida por Francisco de Assis se apaixonou por seu estilo de vida.
Em 1212, quando tinha dezoito anos, Santa Clara abandonou o seu lar e a sua família para seguir a vida religiosa. Para conseguir isso, ela foi ao encontro de Francisco de Assis na Porciúncula e teve seus cabelos cortados, como sinal de entrega total ao Cristo pobre, casto e obediente. O ato de raspar a cabeça significava o despojamento na mudança para a nova vida.
Após uma vida de contemplação vivendo no mosteiro de São Damião, período de muita oração, silêncio, pobreza, penitência e caridade para com as suas irmãs enclausuradas, a Serva de Deus faleceu no dia 11 de agosto de 1253, devido às doenças que apareceram no seu corpo por conta das duras penitências que fazia. Foi proclamada santa no ano de 1255 pelo Papa Alexandre IV.
O legado de Santa Clara de Assis
Clara foi a primeira mulher a abraçar o carisma franciscano como um estilo de vida, desafiando as regras da Igreja em sua época, de viver o “Privilégio da Pobreza”, assim, ela foi a primeira mulher da história da Igreja que compôs uma Regra escrita, submetida à aprovação do Papa, para que o carisma de Francisco de Assis se conservasse em todas as comunidades femininas que iam se estabelecendo em grande número, e que desejavam se inspirar no exemplo de Francisco e Clara. A aprovação ocorreu em 9 de agosto de 1253, dois dias antes de sua morte.
Clara de Assis foi uma mulher à frente de seu tempo, mostrando sua paixão e resignação em viver uma vida voltada a Cristo dentro de suas convicções de pobreza e caridade. Foi decidida ao fugir de casa e deixar tudo para trás com a intenção de viver fiel àquilo que sonhava.
Ao exigir o ‘privilégio da pobreza’ ela abre mão da segurança do dote e vive entusiasmada com a provisão divina.
A economia de Francisco e Clara
A Carta Brasileira pela Economia de Francisco e Clara é um documento oriundo de ampla mobilização coletiva. Nela é expresso o compromisso com as gerações futuras pelo cuidado à Casa Comum.
Dado que o tempo para reverter o aquecimento global está se exaurindo e o planeta tem recursos esgotáveis, não suportando sua exploração infinita. Ela defende que os combustíveis fósseis permaneçam no subsolo, reduzindo a extração até serem plenamente substituídos mediante o estabelecimento de um novo padrão energético assentado em energias limpas e renováveis.
Trata-se de uma proposta na qual feminino e masculino caminham necessariamente lado a lado, sem primazia, daí: Francisco e Clara. Rejeita, portanto, a perspectiva patriarcal ligada à economia marcadamente materialista, produtivista e extrativista. Busca a passagem do egoísmo à generosidade, da exploração à sustentabilidade e da acumulação à distribuição.
Tal economia nova não subestima a importância dos bens materiais, mas rejeita o culto à materialidade, expressa no consumismo e no grande armazenamento predial-privado de utensílios não usados. Essa economia contempla a espiritualidade, que é algo não exclusivo das religiões, como reconhecem as ciências médicas junto com a Organização Mundial da Saúde. E, conforme o exemplo de Francisco de Assis, tem perspectiva realmente inter-religiosa, além da opção preferencial pelos pobres.
O Sefras tem uma cartilha explicando no que consiste a economia e Francisco e Clara e você pode ter acesso aqui.
Santa Clara e o Sefras
“Santa Clara para o Sefras, além de ser essa figura feminina que traz a dimensão do cuidado, do zelo, para dentro do carisma franciscano, traduz de forma simples o jeito que devemos ser uns com os outros, em especial com os mais pobres e humildes. Porque ela fez da vida dela uma experiência desse lugar: da pobreza, da simplicidade e da segurança. Clara fez isso como uma experiência de vida, e hoje, quem vive assim são os mais vulneráveis a partir de uma injustiça social”, explica o Frei José Francisco, Diretor Presidente do Sefras.
O Sefras é uma organização humanitária que luta no combate à fome, a violações de direitos e inserção econômica e social de populações extremamente vulneráveis: pessoas em situação de rua, crianças pobres, imigrantes e refugiados, idosos sozinhos e pessoas acometidas pela hanseníase.
Guiados pelos valores franciscanos de Acolher, Cuidar e Defender, atua pelo Brasil atendendo mais de 4 mil pessoas todos os dias. São serviços diários que promovem apoio social e jurídico para população em situação de rua, acolhimento e inclusão social de imigrantes, contraturno escolar para crianças e adolescentes, convivência e proteção de idosos, além de ações de defesa dos direitos e melhoria de políticas públicas voltadas a esses grupos.
Para ajudar quem tem fome na cidade de São Paulo e do Rio de Janeiro, o Sefras atua distribuindo mais de 2 mil refeições diariamente, além de distribuir cestas básicas, itens de higiene e cobertores e roupas de frio.
Faça parte dessa corrente de solidariedade doando itens , em São Paulo, no Chá do Padre na Rua Riachuelo, 268 – Centro. Tel: (11) 3105-1623 e no Rio de Janeiro na Tenda Franciscana no Largo da Carioca, s/ n, Centro.
Você também pode doar qualquer quantia pelo nosso site ou pelo pix: sefras@sefras.org.br.