No último sábado, dia 1 de outubro, foi celebrado o Dia Internacional da Pessoa Idosa. A data foi estabelecida pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1990. Seu objetivo é sensibilizar as pessoas para o impacto do envelhecimento da população e para a necessidade de garantir um envelhecimento digno e direitos plenos a todos.
Ainda, no Brasil, nesta data também se celebra a criação do Estatuto do Idoso, que completou 19 anos. O documento garante que é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar sua efetivação do direito à: vida, saúde, alimentação, educação, cultura, esporte, lazer, trabalho, cidadania, liberdade, dignidade, respeito e convivência familiar e comunitária.
Nas últimas décadas se observou um constante crescimento da população idosa, e a garantia desses direitos se torna cada dia mais urgente. Apenas entre 1940 e 2015, segundo Ministério da Saúde, a expectativa de vida do brasileiro aumentou em 30 anos.
Estima-se que em 2030, o número de idosos supere o de crianças e adolescentes de zero a quatorze anos. Ainda, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), nos próximos 90 anos, cerca de 40,3% da população brasileira será composta por idosos, totalizando cerca de 60 milhões de pessoas acima dos 60 anos.
Em paralelo a esses dados, uma pesquisa realizada pelo Instituto Qualibest em 2017 mostra que 9 em cada 10 brasileiros têm medo de envelhecer. Esse processo tem sido referido como gerontofobia.
Gerontofobia
A gerontofobia define-se como aversão ou medo patológico de pessoas idosas ou do processo de envelhecimento como um todo.
Em entrevista para a BBC, Mirian Goldenberg (antropóloga, escritora e professora de antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ) explicou que essa aversão se dá devido à morte simbólica, a qual todos os idosos estão sujeitos.
Segundo Mirian, por contribuírem menos para a geração de lucros para a sociedade, “os velhos sempre foram vistos como um peso para a sociedade”. Esta seria sua 'morte simbólica', que resulta em negligência, abandono e maus tratos partindo dos mais variados âmbitos da sociedade, inclusive o próprio núcleo familiar.
“O valor que se dá a essas pessoas mais cedo velhas é quase nulo, socialmente e dentro de casa. Perdemos valor para a sociedade ao envelhecermos. Tanto valor que nos tornamos descartáveis”, afirma.
Para Yamin Alves, coordenadora do Centro de Convivência e Apoio ao Idoso - Casa de Clara - do Sefras, é urgentemente necessário que rompamos com essa lógica.
“Enquanto sociedade, precisamos respeitar os processos de envelhecimento. Trazer um aspecto de que envelhecer é algo bom e saudável”, diz.
O respeito não envelhece!
Todo este contexto somado à conjuntura atual, envelhecer se torna um processo ainda mais doloroso para as pessoas em vulnerabilidade. Pois também significa lidar com fome, desemprego e violência.
Os dados acerca do aumento da violência contra o idoso durante a pandemia Segundo o Disque 100, em 2019 foram denunciadas 48.500 violações contra idosos ao longo do ano. Valor que, em 2020, aumentou em 59%, totalizando 77.115 denúncias.
É importante ressaltar, ainda, que esses números não representam a realidade da população idosa brasileira, devido a alta taxa de subnotificação. Dentre todas contabilizadas, a negligência psicológica, financeira e física se destacam como as recorrentes entre as denúncias
“Usamos a frase ‘Envelhecer é arte’ e ‘O Respeito não envelhece’ como um convite para repensar o próprio processo de envelhecimento” afirma Yamin. “Na tentativa de eliminarmos as violências contra a pessoa idosa que estão tão enraizadas na nossa sociedade e de nos lembrar de celebrar a diversidade humana”.
O SEFRAS
O Sefras é uma organização humanitária que luta todos os dias no combate à fome, a violações de direitos e inserção econômica e social de populações extremamente vulneráveis: pessoas em situação de rua, crianças pobres, imigrantes e refugiados, idosos sozinhos e pessoas acometidas pela hanseníase.
Guiados pelos valores franciscanos de Acolher, Cuidar e Defender, atua pelo Brasil atendendo mais de 4 mil pessoas todos os dias. São serviços diários que promovem apoio social e jurídico para população em situação de rua, acolhimento e inclusão social de imigrantes, contraturno escolar para crianças e adolescentes, convivência e proteção de idosos, além de ações de defesa dos direitos e melhoria de políticas públicas voltadas a esses grupos.
Para ajudar na seguridade dos direitos da criança e do adolescente com nossos trabalhos, nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, você pode doar qualquer quantia pelo nosso site ou pelo pix: sefras@sefras.org.br.
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