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Jéssica Campos

Consciencia negra





No dia 20 de novembro, é celebrado o Dia da Consciência Negra. A data faz referência a Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, que ficava na região nordeste do país.

Durante o período da ditadura militar no Brasil, no início da década de 1970, historiadores descobriram que Zumbi havia morrido nesta data. Tal achado levou membros do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial a escolhê-lo como figura de resistência e luta contra o racismo no Brasil.

Apesar de ter um impacto antigo, o dia 20 de novembro passou a ser considerado o Dia da Consciência Negra apenas em 2011, com a aprovação da Lei nº 12.519 sancionada pela então presidente, Dilma Rousseff. A adoção da data como feriado é facultativa para cada estado.

“[A data] Trata-se de uma marca de luta, de mobilização e de reafirmação do enfrentamento de toda a forma de racismo” afirma Fábio Paes, coordenador de advocacy do SEFRAS.

Racismo no Brasil

A história e a população brasileira carrega o peso da colonização, escravidão, do darwinismo social, dos processos de eugenização e da falácia da democracia racial. Processos em que não apenas o racismo foi enraizado como base da nossa organização social, como também foi ocultado e sua existência foi negada.

Todo esse histórico resultou em uma realidade repleta de desigualdade e violência para as pessoas negras no Brasil. Estão sujeitos a assédio moral, físico, abuso policial, falta de oportunidades, dentre outros.

Com a redemocratização do país, diversos segmentos da sociedade civil tiveram espaço no âmbito político para participar dos processos de decisão. Com essa abertura, o movimento negro conquistou diversos direitos como: lei contra preconceito de raça e cor, lei de cotas raciais e obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira.

Entretanto, como posto por Angela Davis, filósofa, professora e ativista do movimento negro estadunidense, “durante décadas, muitos de nós argumentamos que o racismo é principalmente institucional, estrutural e sistêmico, e não simplesmente as atitudes de indivíduos”.

Por mais que tenha tentativas para garantir dignidade para a população preta e parda, que compõe 56% do povo brasileiro, o racismo permanece enraizado em nossa sociedade.

O trechos de músicas feitas por artistas pretos mostram um pouco da realidade vivida por eles. Como em Tracksuit, de Febem e CESRV

“Olha só o filho do burguês

Igual a quem? Quem diria

Achei que só segurança seguia

No corredor do shopping ou mercado

Na certidão escrito pardo

Aka cor do pecado

(Crush) cara bandido

Mas a polícia matou meu amigo

Que era bem parecido comigo de

Tracksuit! Tracksuit! Tracksuit!”

Sente o drama

O preço, a cobrança

No amor, no ódio, a insana vingança

Nego drama

Eu sei quem trama e quem tá comigo

O trauma que eu carrego

Pra não ser mais um preto f*****

O drama da cadeia e favela

Túmulo, sangue, sirene, choros e velas

Passageiro do Brasil, São Paulo, agonia

Que sobrevivem em meio às honras e covardias

Periferias, vielas, cortiços

Você deve tá pensando

O que você tem a ver com isso?

Desde o início, por ouro e prata

Olha quem morre, então

Veja você quem mata


Expressa em números, a pesquisa “Elemento suspeito: racismo e abordagem policial no Rio de Janeiro” mostra que pessoas negras são alvo de 63% das abordagens policiais no estado.

Jovens pretos e de baixa renda têm 23,5% mais chances de serem assassinados em relação à brasileiros de outras raças e correspondem a maioria dos 10% dos indivíduos com mais chances de serem vítimas de homicídios, segundo o Atlas da Violência de 2017.

Atualmente, a cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras.

Ainda, segundo pesquisa do Instituto Locomotiva, 84% das pessoas reconhecem que existe racismo no Brasil, entretanto apenas 4% se consideram racistas.

Angela Davis, em um episódio do Mano a Mano, podcast do rapper Mano Brown, afirma que “não são necessariamente indivíduos, sejam eles presidentes ou chefes de empresas, corporações, que impulsionam o curso da história. São as massas de pessoas que se reúnem em luta.”

Para que de fato haja mudanças efetivas e estruturais na sociedade brasileira, é primeiro necessário que o racismo seja reconhecido e ativamente combatido por todos em todas as esferas sociais.


O SEFRAS no combate ao racismo

Nesse sentido, o SEFRAS, em toda nossa atuação, prioriza agendas de acolhimento, de cuidado e de defesa de públicos que tem grande participação de pessoas negras.

“Desde crianças, idosos, pessoas em situação de rua, as periferias são a marca desse racismo estrutural”, afirma Fábio. “O peso recaí sempre sobre os corpos negros. Por isso, reafirmar um trabalho direito com esse público é reafirmar a importância da mobilização deste grupo frente à seus direitos e a pressão de mudanças no sistema”.

A pandemia ainda evidenciou quem são as parcelas da população que mais sofrem com a estrutura social brasileira.

“Quem foi mais impactado [com a pandemia] foram as pessoas negras deste país. Desde crianças e adolescentes, os índices da desigualdade social recaem sobre o racismo estrutural. Dados da fome, dados de violência institucional, de violência policial, dados sobre renda, todos os dados apontam ao racismo histórico e estrutural”

Para além da inclusão de discussões sobre raça, gênero e classe junto dos participantes de nossos serviços de raça, o SEFRAS ainda participa da Coalizão Negra por Direitos. Esta trata-se de uma rede que se constitui como uma pauta afirmativa e de articulação, e mobilização para a incidência política no país.

Segundo Fábio, “a Coalizão Negra é a junção das forças dos movimentos históricos de organizações e de redes que trabalham diretamente com essa agenda de enfrentamento”.

O coordenador ainda reforça que “a luta contra o racismo é uma luta também contra o sistema e a forma como nossa sociedade está estruturada”.

O SEFRAS

O Sefras é uma organização humanitária que luta todos os dias no combate à fome, a violações de direitos e inserção econômica e social de populações extremamente vulneráveis: pessoas em situação de rua, crianças pobres, imigrantes e refugiados, idosos sozinhos e pessoas acometidas pela hanseníase.

Guiados pelos valores franciscanos de Acolher, Cuidar e Defender, atua pelo Brasil atendendo mais de 4 mil pessoas todos os dias. São serviços diários que promovem apoio social e jurídico para população em situação de rua, acolhimento e inclusão social de imigrantes, contraturno escolar para crianças e adolescentes, convivência e proteção de idosos, além de ações de defesa dos direitos e melhoria de políticas públicas voltadas a esses grupos.

Para ajudar quem tem fome na cidade de São Paulo e do Rio de Janeiro, o Sefras atua distribuindo mais de 2 mil refeições diariamente, além de distribuir cestas básicas, itens de higiene e cobertores e roupas de frio.

Ajude o nosso trabalho nesse dia especial. Você pode ajudar doando itens , em São Paulo, no Chá do Padre, na Rua Riachuelo, 268 – Centro. Tel: (11) 3105-1623 e no Rio de Janeiro na Tenda Franciscana no Largo da Carioca, s/ n, Centro.

Você também pode doar qualquer quantia pelo nosso site ou pelo pix: sefras@sefras.org.br.


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