“Belos frutos que colhemos hoje”: Sefras celebra 10 anos das Casas de Assis

Desde 2014, Casas de Assis já atenderam mais de 75 mil refugiados e imigrantes

Na última sexta-feira (9), o Centro Histórico de São Paulo foi palco de um evento que marcou uma década de transformações e esperança: as Casas de Assis, iniciativas  do Sefras - Ação Social Franciscana, promoveram o seminário ‘10 Anos de Migrações e Refúgio na Cidade de São Paulo’. O encontro não foi apenas uma celebração, mas uma reflexão profunda sobre o impacto da união entre coletivos migrantes, o poder público e a sociedade civil na construção de políticas públicas de acolhimento e inclusão social.

O Sefras possui duas Casas de Assis em apoio aos imigrantes e refugiados na cidade. Uma delas é um Centro de Acolhida ao Imigrante, que abriga, todos dos dias, 110 refugiados e solicitantes de refúgio, oferecendo acesso à garantia de direitos básicos, estudo da língua portuguesa, inserção no mercado de trabalho, educação, além de alimentação e atendimento psicológico, social e jurídico. A outra, o Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes - CRAI Oriana Jara, presta atendimento jurídico, socioassistencial, promove oficinas e cursos, faz intermediação de emprego e oferece, entre outros serviços, auxílio na regulamentação de documentos. 

Mesa de Trocas: Reflexões, Emoções e Cultura

O seminário contou com a participação de nomes importantes, como Frei José Francisco de Cássia dos Santos, Diretor Presidente do Sefras, que compartilhou uma visão emocionante sobre o início desse trabalho: “Nós víamos a demanda dos haitianos chegando na cidade em 2014 e percebemos que teríamos que agir para acolher essa demanda. Começamos indo atrás, com o apoio da Prefeitura. E veja só os belos frutos que colhemos hoje. Somos referência nesse trabalho com imigrantes e refugiados na cidade.”

Já a Secretária Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, Soninha Francine, expressou seu orgulho em fazer parte dessa trajetória: “É muito bom participar dessa parceria e também dessa celebração. Temos muita coisa construída e sólida. Que venham muito mais aniversários.”

Constance Salawe, Vice-Presidente da Sociedade Civil do Conselho Municipal de Imigrantes, trouxe uma perspectiva pessoal que tocou a todos: “Nosso país, o Brasil, oferece diversos direitos aos imigrantes, mas é verdade que muitas vezes não aproveitamos plenamente as oportunidades que estão disponíveis. Por isso, decidi me empenhar em buscar essas oportunidades, principalmente aquelas que o governo brasileiro pode proporcionar. Gostaria de parabenizar o Sefras pelo excelente trabalho que vem realizando em prol da comunidade imigrante. O empenho e a dedicação do Sefras são fundamentais para promover a integração e melhorar as condições de vida dos imigrantes.”

Além das falas inspiradoras, o evento também contou com apresentações culturais realizadas pelos próprios imigrantes atendidos pelas Casas de Assis. Essas apresentações, que incluíram danças tradicionais e música, trouxeram um toque de emoção e mostraram a rica diversidade cultural dos países de origem, reafirmando o valor da inclusão e da troca intercultural.

Dados que Falam por Si

Desde sua criação, as Casas de Assis têm sido um farol para aqueles que, por desastres naturais, violência ou guerra, foram obrigados a deixar seus países de origem e buscar um novo lar no Brasil. Em São Paulo, onde a população imigrante cresceu significativamente na última década, a Casa de Assis na acolhida atende atualmente 110 imigrantes e refugiados, oferecendo desde alimentação até atendimento psicológico, social e jurídico.

Já o Crai, desde  a sua criação,  foram realizados 71.836 atendimentos até junho de 2024.

E os números são expressivos: desde 2014, o Sefras já atendeu mais de 75.636 refugiados e imigrantes, de diferentes nacionalidades, em um país que, segundo dados recentes, abriga cerca de 1,3 milhão de imigrantes, sendo São Paulo o estado com a maior concentração, com mais de 400 mil pessoas.

Um Futuro Promissor

O evento também foi um momento para olhar para o futuro. Rosângela Pezoti, supervisora técnica do Sefras, expressou sua gratidão e esperança:

“Ao olhar para os últimos 10 anos, vemos um período de grandes desafios e aprendizados, que resultaram em melhorias significativas para muitas vidas. Agradeço a todos por seu trabalho e dedicação e espero que continuemos a avançar juntos.”

Hortense Mbuyi, coordenadora jurídica da comunidade congolesa no Brasil, visivelmente emocionada, reforçou a importância do trabalho realizado: “O Brasil já recebia imigrantes há muito tempo, mas a efetividade com que o CRAI e o Sefras têm trabalhado na área migratória é digna de louvor. A eficácia no atendimento e na integração dos imigrantes tem sido notável, especialmente quando comparado a outras organizações e iniciativas que, muitas vezes, permanecem no plano das promessas.”

A celebração dos 10 anos das Casas de Assis não foi apenas uma retrospectiva, mas um chamado para continuar a construir um futuro mais inclusivo e acolhedor para todos os que aqui chegam em busca de uma vida melhor.