Durante quatro dias – entre 25 e 28 de julho – 56 trabalhadores do Sefras se reuniram em Tanguá, Rio de Janeiro, na XVIII Assembleia Anual para refletir e debater sobre o futuro da organização.
O evento começou na noite do dia 25 com uma mística comandada pelo Frei Thiago Elias, quando foi apresentado o tema da Assembleia: “Recomecemos, irmãos, pois até agora pouco ou nada fizemos”. Esta, a frase que São Francisco de Assis disse no final de sua vida, conforme eternizou o Frei Tomás de Celano, lembrava aos participantes sobre nossa vocação universal à renovação, a novos começos.
Exposições
Na manhã seguinte, dia 26/07, os trabalhadores foram apresentados ao contexto sociopolítico atual e aos desafios das organizações sociais diante da realidade brasileira, considerando também os princípios franciscanos.
O Frei Paulo Pereira, ministro provincial em missão em Angola destacou, em mensagem enviada especialmente para o evento, pontos sobre o trabalho solidário com os mais vulneráveis: “a partir da Palavra de Deus, dos aspectos da vida de Francisco e considerando toda a história da evangelização, pode-se dizer que o trabalho solidário em favor dos sofredores é uma oportunidade de mantermos acesa a chama da profecia e da denúncia […]; [é também] a atualização da mensagem evangélica das bem-aventuranças e da opção de Javé e de Jesus pelos fracos, pecadores e oprimidos; [além de ser um] lugar para fomentarmos uma fé sincera em Jesus para além dos “moldes sacramentais” e espaço privilegiado de fazer a opção preferencial pelos pobres – de ir “às periferias existenciais e geográficas”; [onde se pode] diversificar nossos lugares de ação, através da integração com a CFFB, instituições públicas e privadas e demais parceiros da sociedade na elaboração de um projeto de “bem comum” e de fraternidade”
Na sequência, o Secretário da Evangelização da Província, Frei Gustavo Medella, de forma remota, disse que a ideia de recomeço não deve ser motivo de desânimo. “Na ótica franciscana recomeçar é continuar. Ninguém tem o direito de perder a esperança mesmo que com tantos ventos desfavoráveis – ninguém deve desesperançar. Ninguém deveria se sentir autorizado a desesperançar. O Sefras é construtor, artesão, artífice de esperança. O Sefras tece esperança no coração de muitos”, afirmou.
Quem também participou da manhã de explanações foi o cientista político Rudá Ricci, que trouxe aos trabalhadores sua visão social, política e econômica do país, pontuando a instabilidade e insegurança política e a desigualdade acentuada nos últimos anos. “Sem participação dos cidadãos no controle das políticas públicas não haverá alteração do estado atual. Há uma necessidade urgente de avançar no controle democrático e das políticas do Brasil, que é o sétimo país mais desigual do mundo, e o décimo terceiro mais rico”, disse.
A Diretora Executiva da Plan International Brasil, Cynthia Betti, apresentou o caso de sua gestão, desde 2018, e como fez um maior controle orçamentário, fortaleceu a captação de recursos e enxugou o organograma com foco na sustentabilidade financeira e na qualidade dos serviços entregues aos seus públicos de atenção.
Em sua fala, falou sobre a solidariedade do brasileiro na hora de doar. “Nosso país é desigual, mas há riquezas. Há doação, pois em um ranking internacional pulou do 72º para o 54º lugar no que diz respeito a doar dinheiro e tempo a estranhos. Ainda assim, estamos longe de uma boa cultura de doação. O que mostram as pesquisas, as poucas que temos, é que existe uma tendência maior de doação para instituições religiosas. Mas precisamos pedir mais e saber pedir. Precisamos continuamente fazer melhoria de processos de captação de recursos”, pontuou a diretora.
Papel da Assembleia
O diretor-presidente do Sefras, Frei José Francisco, afirmou que o objetivo da XVIII Assembleia é lançar um olhar sobre o andamento da instituição e fazer reflexões sobre esses eternos ‘recomeços’ frente à realidade que bate à nossa porta todos os dias.
Para ele, o trabalho está centrado nos participantes e vai muito além da prestação de serviços. Daí, a perspectiva franciscana, em que a significação das coisas parte de um princípio de vida de cunho filosófico e teológico, que “dá chão ao que acreditamos e na formação das pessoas”.
Conclusão do trabalho
A partir de dias intensos de trabalho em grupos de trabalho e plenárias, onde cada um pôde dizer o que acreditava, foram apresentados os desafios para a gestão do Sefras e discutida a revisão do modelo de organização que é necessária para assegurar nossa atuação.
O objetivo é uma organização forte com a participação de todos aqueles que fazem parte do Sefras, considerando temas urgentes, em especial, captação de recursos, gestão de pessoas e instâncias colaborativas, participativas e dialogadas de tomada de decisão.
Domi Souza, diretor executivo do Sefras, afirmou que, “os espaços de integração e participação dos trabalhadores do Sefras são, sempre, muito frutíferos e positivos, que devem ser garantidos e estimulados. A partir das reflexões e discussões feitas durante a Assembleia construímos empatia e geramos a sinergia necessária para atuarmos de forma cada vez mais alinhada e direcionada para os nossos objetivos”.
Todas as reflexões trazidas durante a Assembleia serão sistematizadas e se tornarão base para o processo de planejamento da gestão e da estruturação do Sefras para os próximos anos. A proposta será apresentada aos coordenadores do SEFRAS, da sede e dos serviços, em reuniões da Coordenação Ampliada para aprovação ainda em 2022.
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