Por: Vitoria Martins
No primeiro dia deste mês de junho fez 1 ano que a Revista Casa Comum foi lançada, no Cine Belas Artes. Na época, esteve presente importantes figuras como a atriz Letícia Sabatella, da vereadora Luana Alves, Yaponã Bone, do povo indígena Guajajara da terra indígena Arariboia no Maranhão, Franklin Félix – Coordenação Geral Organizações em Defesa dos Direitos e Bens Comuns (ABONG), entre tantas outras presenças ilustres.
A revista é um projeto de articulação e comunicação do Sefras, executado pelo Estúdio Cais - Projetos de Interesse Público, com objetivo de: articular a perspectiva franciscana sobre as pautas da agenda de direitos humanos e ambientais; gerar conhecimento; e incentivar o engajamento e a mobilização social no que tange temas como soberania alimentar, economias transformadoras, enfrentamento à diversas formas de violência e ecologia integral.
Como posto pelo Frei José Francisco, diretor-presidente do Sefras:
“O intuito da revista é trazer para a discussão, e dialogar com a comunidade, assuntos que tratam dos direitos humanos e meio ambiente, trata-se de uma iniciativa para promover a reflexão e a mobilização das pessoas e da sociedade diante da agenda de defesa dos direitos humanos e ambientais e, principalmente, para colocar em evidência as vozes daqueles que estão nas situações mais vulneráveis”
Durante seu um ano de vida, uma das grandes novidades foi o nascimento da Trilha dos Saberes, um roteiro formativo feito para maximizar o uso da Revista. Desenvolvida em parceria com a Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais de Educomunicação (ABPEducom), a cartilha extra traz referências e um passo a passo para educadores e educadoras fomentar o engajamento social em escolas, movimentos sociais, rodas de conversa e formações a partir dos temas trabalhados na edição.
Para o professor Ismar de Oliveira Soares, presidente da ABPEducom, o material é uma “tradução” do pensamento Freireano sobre comunicação e educação popular.
“A Revista Casa Comum é uma referência de prática educomunicativa. A Trilha de Saberes é uma tentativa de democratizar a informação e de formar mais pessoas a serviço de mais práticas educomunicativas no país”, afirma.
Ao longo do último ano, o projeto multiplataforma avançou muito, ganhando novos públicos, novas vozes e novos temas. Trabalhando a concepção de mundo dos franciscanos e criando pontos de diálogo com todos que buscam combater as desigualdades e construir um novo amanhã.
Mas o que é Casa Comum? Entenda a cosmovisão franciscana
A Revista Casa Comum se baseia na cosmovisão franciscana de que tudo que existe existe cuidado e está interligado, como uma grande comunidade de vida.
O conceito de “Casa Comum” é um conceito apresentado pelo Papa Francisco e que espelha a filosofia vivida por São Francisco de Assis, assumindo que todos e todas fazem parte de um comum, de uma grande família biodiversa.
Quando pensado em âmbito internacional, a encíclica Laudato Si, o Papa Francisco aborda o paradigma societário do cuidado com si, com o outro e com o planeta. Apontando que o ser humano não é o centro da vida e nem pode viver de modo isolado das relações com outros seres e vidas, que a relação é algo implicado na própria existência. Assim, o cuidado deve voltar a ser a base de todas essas relações que se nutrem e entrelaçam suas necessidades e existências.
Com isso, o Santo Padre nos convida a repensar nossa sociedade como um todo, desde estruturas políticas e econômicas, à forma como nos relacionamos consigo mesmos e com os outros. Propondo uma mudança radical em todas as esferas das nossas vidas, e que passemos a colocar a igualdade, justiça e a solidariedade como focos principais das relações humanas e ambientais.
A Revista, então, surge exatamente como uma ferramenta de advocacy para o Sefras, que utiliza seu espaço para divulgar suas visões e filosofias, e para promover o diálogo com novas perspectivas e interpretações do mundo.
1 ano da Revista Casa Comum
Para celebrar esse primeiro ano, o Sefras realizou um evento em São Paulo no qual também foi lançada a 5ª edição da revista, que aborda o tema “O direito de ser: brasileiros buscam viver as suas múltiplas diferenças e diversidades”, seguido de um debate.
Participaram da discussão: Frei José Francisco; Célio Turino, gestor de políticas públicas e fundador do Instituto Casa Comum; Amanda Aragão, sócia da Consultoria Mais Diversidade; e Mateus Fernandes, secretário da Juventude de Guarulhos. A mediação foi feita por Fábio Paes, coordenador de advocacy e conselheiro editorial da Revista Casa Comum.
O frei iniciou a discussão destacando a importância do projeto no atual contexto brasileiro:
“Nós franciscanos não estamos apenas interessados em acolher e cuidar dos mais pobres, estamos também em discutir as causas que geram essa pobreza”.
Questões como urgência histórica, representatividade e acesso ao conhecimento foram pontos levantados durante a conversa. Para Turino,
“A grande contribuição deste projeto é criar uma harmonia entre o coração, a cabeça e as mãos, assim como prega o Papa Francisco, para que seja possível, de fato, cuidar da nossa Casa Comum”.
Já Fernandes, aponta que:
“Voz a gente já tem, os territórios periféricos são muito potentes e precisamos aprender a olhar para eles e ampliar as soluções que já existem. Mas é preciso criar mais mecanismos de acesso para que mais pessoas como eu possam estar em espaços como esse”.
Ambas demandas que a Revista busca atender. Como posto por Fábio, com essa iniciativa “estamos fortalecendo a articulação em rede no campo dos direitos humanos e socioambientais” ao promover debates, ampliar vozes e impulsionar a mobilização social.
“A Revista Casa Comum é um instrumento essencial para conscientizar, engajar e inspirar a sociedade atual na busca pela redução das desigualdades, pelo combate às violências e na construção de políticas de cuidado com a nossa Casa Comum”.
O Sefras
O Sefras é uma organização humanitária que luta todos os dias no combate à fome, a violações de direitos e inserção econômica e social de populações extremamente vulneráveis: pessoas em situação de rua, crianças pobres, imigrantes e refugiados, idosos sozinhos e pessoas acometidas pela hanseníase.
Guiados pelos valores franciscanos de Acolher, Cuidar e Defender, atua pelo Brasil atendendo mais de 4 mil pessoas todos os dias. São serviços diários que promovem apoio social e jurídico para população em situação de rua, acolhimento e inclusão social de imigrantes, contraturno escolar para crianças e adolescentes, convivência e proteção de idosos, além de ações de defesa dos direitos e melhoria de políticas públicas voltadas a esses grupos.
Para ajudar quem tem fome na cidade de São Paulo e do Rio de Janeiro, o Sefras atua distribuindo mais de 2 mil refeições diariamente, além de distribuir cestas básicas, itens de higiene e cobertores e roupas de frio.
Ajude o nosso trabalho nesse dia especial. Você pode ajudar doando itens , em São Paulo, no Chá do Padre, na Rua Riachuelo, 268 – Centro. Tel: (11) 3105-1623 e no Rio de Janeiro na Tenda Franciscana no Largo da Carioca, s/ n, Centro.
Você também pode doar qualquer quantia pelo nosso site ou pelo pix: sefras@sefras.org.br.
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